quarta-feira, 22 de abril de 2009

A guerra velada!















Já não dá mais pra entender porque todo mundo fica de braços cruzados à espera de uma nova notícia sobre um homossexual agredido ou assassinado. Uma nova pesquisa do Relatório de Assassinatos de Homossexuais no Brasil – 2008, feito pelo Grupo Gay da Bahia (GGB), revelou que 190 homossexuais foram ASSASSINADOS no Brasil em 2008. (Clique aqui para ler na integra)

São travestis, drag queens, gays, bichinhas, discretos; pessoas como eu e você. Algumas que preferem ficar presas no armário do que verem a cara de deboche das pessoas ao andar pelas ruas.

Já não entendo mais. Se nós que elegemos as pessoas que nos representam, porque ninguém faz nada pra mudar a situação? Muitos gays no Brasil elegeram Clodovil como deputado federal. Muitos amigos meus votaram nele e ele afirmou não defender veementemente nenhum movimento gay.


Se você pensa viver uma realidade diferente do que diz a pesquisa, só porque vive em Valadares, precisa deixar seu egoísmo de lado e olhar ao seu redor. Travestis são constatemente agredidas na região do São Cristovão, se expõem a DST’s com freqüência, são insultadas, julgadas e covardemente discriminadas. Ou você já viu alguma travesti trabalhando como secretária de um vereador, médico ou dentista?

Por quê temos vergonha de assumir o time no qual jogamos? Por quê resistimos em assumir aquilo que somos e que seremos até o momento em que fecharmos os nossos olhos, já bem velhinhos, no nosso último suspiro?

Quase todos já ouviram falar sobre algum gay que teve um objeto roubado em casa por um indivíduo bissexual com o qual havia acabado de transar. A situação é popularmente denominada como “dar a elza”. No final, todas riem, acham graça, insultam a outra de burra ou estúpida, mas não sabem que isto é outra forma de violência; que por ser tão vergonhosa para quem foi vítima, quase nunca acaba nos Boletins de Ocorrência da polícia.

Esses “caras” com que se transa, veem nos gays alvos fáceis de extorsão, sem que sejam devidamente punidos. Mas pra uma sociedade que ainda considera transar como algo errado – embora todo mundo faça excessivamente – um gay transar é algo ainda mais trágico. Por quê não aceitam a bissexualidade? Pensam que isso é papel de gente depravada. E não é.

Enquanto você, que é extremamente discreto, continuar ignorando o que acontece – como nesta pesquisa; mais homossexuais vão morrer; e, não tenha dúvida alguma... A CULPA É SUA. Porque nenhum homem maior de 18 anos pode ficar em casa quieto assistindo televisão enquanto seu País está em guerra, muito menos se a guerra já tem um saldo de 190 mortos.

Levante-se! Reivindique! Qual dos vereadores você ajudou a colocar no poder em Valadares?
Você pode não ter votado em Sarita, mas de alguma forma acredita no seu candidato, não é? Vá atrás dele, busque sua cidadania. Exija “não ser discriminado” na rua, exija poder utilizar os serviços da Polícia Militar sem se sentir envergonhado discriminado.

Não queremos ficar quietinhos no nosso canto pra provar que somos gays comportados. Queremos nos mostrar, escancarar, explodir - com respeito - nossa afetividade e estilo. Queremos nossa Parada Gay, como movimento político que deve ser.

Hoje, nossa ilustre prefeita municipal, assume uma postura idêntica a do ex-deputado Clodovil Hernandes, que preferiu ficar no seu lugar, quieto, a tentar mudar a realidade de travestis e bichinhas que são assassinados regularmente; dos gays que são roubados em suas casas. É a realidade, meus caros, nua e crua. É guerra. Nós queremos a paz, mas também sabemos guerrear.

2 comentários:

Bee disse...

Eu já vi uma travesti ser acessora. É o caso da Chica Chiclete. Eu já vi uma transexual não operada ser vereadora. É o caso da Moa, que deu entrevista ao Jô recentemente.
Saí com esse mesmo discurso quando terminei de ver Milk. Me revoltei. Mas ao chegar na saída e ver dois seguranças fazendo cara feia pra mim e para o meu amigo, que nem estávamos de pegação, broxei e me acovardei.

Em Valadares temos vereadores, prefeitos e outros tantos "seres" da alta roda que não se assumem, mas que todos os conhecem das badaladas festas em suas mansões, regadas a champagne e muita putaria.

Mas, se nós, homossessuais, não nos assumimos nem perante a urna, num gesto completamente anônimo de escolher um candidato do nosso meio, o que dirá de uma parada valadarense. Quem vai? As cacuras do Bule? Tudo bem, elas tem coragem de assumir, mas o que seria da imagem dos gays valadarenses? Como já dizia Harvey Milk: Temos que nos assumir, mostrar a todos que existe um gay "normal" perto de cada um.

As Bunita Comunica disse...

Pois é bunitinha.
Este é o ponto em que queríamos tocar. Em Valadares o preconceito é velado. Todos se escondem naquela frase tipo "Não tenho nada contra", e logo em seguida dizem frases preconceituosas. Um bom exemplo é "Eu não tenho nada contra, mas não quero perto de mim".
Em Valadares, especificamente, ninguém biu ou ouviu falar de vereador ou qualquer outro profissional que tenha contratado uma travesti para trabalhar consigo, a não ser nas caladas das noites.
Enfim, como você mesmo disse, sabemos da sexualidade de alguns vereadores na cidade, inclusive de alguns filhos de vereadores, que ainda preferem esconder a realidade, claro, pra ganharem novamente a próxima eleição.
Preferia a Sarita!