Freedom is free!

Verdade seja dita. Discriminar está na alma do ser humano. Gays querem a liberdade de demonstrar afetividade em praça pública, mas tratam com diferença negros, velhos, prostitutas, portadores de HIV, travestis, gordos, pobres e feios. Todos têm algum preconceito, sem exceção. A isso a sociologia dá o nome de etnocentrismo, que diz respeito ao olhar que alguém lança sobre as coisas e pessoas que estão à sua volta.

Há três anos tinha muita resistência em conversar com drag queens, travestis e transgênicos. Hoje pra mim é normal. Mas não foi fácil. Precisei esquecer todas as frases que ouvia da minha família quando aparecia uma travesti na televisão, bem no estilo “vinte-reais”. Era viadinho pra lá, coisa do capeta pra cá, e outras variáveis. Hoje percebo que travestis podem ser excelentes amigas, terem um papo legal e te ajudarem quando você realmente precisar.


















O preconceito homossexual acontece também quando o gay diz: “Não gosto de lésbicas”, de uma forma generalizada. A frase se parece bastante com “Eu não gosto de gays”, que muitos heterossexuais falam com orgulho. Quando você generaliza que gosta ou não gosta de alguém antes de conhecê-lo está sendo preconceituoso. Você pode não gostar de alguém porque ele não tem um bom papo, ou porque não tem muito a ver com você, mas não pela simples constatação da sua sexualidade.

Gays também são mestres em discriminar pessoas mais velhas. Pra isso, criaram até um nome: “maricona”, ou “cona”. Tudo bem, às vezes é apenas uma brincadeira, mas, como toda brincadeira, tem seu fundo de verdade. Pra muitos gays, ir na festa acompanhado de alguém mais velho é assinar atestado de decadência. A idéia é sempre estar rodeado de pessoas entre 18 e 30. Acima disso, só se o cara estiver em forma, ou aparentando menos. Ver um gay mais velho dançando, rindo, bebendo e se divertindo, pra muitos soa ridículo.

Evitar a companhia de pessoas mais velhas é o mesmo que evitar se ver num espelho daqui a 30 ou 35 anos. Por mais que a natureza seja generosa com alguns, uma dia já não dá mais pra esconder as primaveras vividas. E os amigos dizem: “mas você parece ter 25, ou 29”. É só uma forma de esconder o inevitável. Talvez se encararmos o fato de que um dia vamos mesmo ficar velhos, talvez possamos encarar a vida de uma forma mais humana. Já cantava Lulu Santos: “A beleza é mesmo tão fulgás”. E quando a juventude se vai, os valores seguramente mudam.

Dia desses, viajando de trem com um amigo, ele disse: “Olha que bicha preta feia fazendo pegação no trem”. Meio assustado eu perguntei: “Mas você não viajou com o outro que fez a maior pegação no trem?”. Ele disse: “Mas aí é diferente. Ele é bonito e vip”. Percebi dois preconceitos na situação: um pela cor e o outro pela beleza. O outro amigo dela que fez pegação era branco e bonito.

Sentir repulsão por alguém ou algo que vemos logo a primeira vista não é errado, porque é natural. Mas a forma como nos comportaremos a partir deste primeiro contato demonstrará a nossa vontade em sermos solidários e convivermos com a diferença. Afinal, não é a favor disso que gays protestam em paradas gays por todo o mundo? Conheça a bichinha, conheça a travesti, a maricona, o negro, o aidético. Converse com eles. Se não ficar satisfeito, aí sim você terá base para tomar uma decisão.

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DJ DLG And Erick Morillo - Where Are You Now (Extended Mix)

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