Vai uma mafia aí?

Sabe o que é ruin na mafia?

É que ela consegue fazer um estrago enorme na vida de outra pessoa, injustamente, sem que ela ao menos tenha oportunidade de se explicar. Uma vez estava sentado com meu avô na varanda e ele me disse que nunca devíamos acreditar no que outras pessoas falam sobre alguém. Por mais que sempre haja fogo de onde sai fumaça, as pessoas costumam interpretar as ações das outras conforme a sua vontade, conveniência e contexto.

Aliás, o que faz toda diferença é o contexto, porque se você estiver namorando com alguém, por exemplo, e ficar outras pessoas, você é desonesto. Mas se você ficar com várias pessoas sendo solteiro, você provavelmente vai ser apenas taxado como rodada, se é que me entende? Porque pra mim existe essa diferença básica.

O problema todo é que existe um certo maniqueísmo nos seres humanos, e os gays não escapam dessa regra. As pessoas querem sempre alguém para amar e outro para odiar, numa luta árdua entre o bem e o mal; herança infeliz do cinema, das novelas, dos jornais e revistas. Tem sempre que haver o bem e o mal, por isso o que a máfia faz é justamente dar nomes aos boys.
















Sabe qual o problema nisso tudo? A pessoa fica mal falada sem saber de nada. A conversa se espalha e quando você olha pro lado, já tem um monte de gente cochichando baixinho ao seu respeito e com aquele olhar indiferente. Pessoas que nunca conversaram com você e podem até mesmo evitar fazer isso pelas péssimas referências que receberam da sua pessoa.

Quer saber qual a verdade? Talvez a outra pessoa possa realmente ser metida, chata, ignorante, ter HIV, chato, hepatite C, ser piranha, etc e tal. Mas ninguém é ruin ou bom apenas. Somos tudo isso juntos. Amor e ódio são nossos extremos. E é só você se auto-analisar agora que vai lembrar de quantas mentiras já disse, o quanto já ofendeu outra pessoa, já virou a rosto pra alguém, desligou o telefone pra não atender...
Você sabe as suas razões pra ter feito tudo isso. As outras pessoas não. E se ninguém lhe der oportunidade de falar, provavelmente as razões vão permanecer ocultas. Você não quer isso, quer? Os outros também não.

Todos nós nos preocupamos com a nossa aparência, com o que as pessoas pensam sobre nós, por mais que alguns digam que não se importam. Colocamos uma boa roupa, um bom calçado, passamos perfume, penteamos o cabelo. Queremos ser vistos.

E o engraçado é que quando conseguimos nosso objetivo, ao mesmo tempo em que causamos admiração em alguns, despertamos outros sentimentos menos nobres, como a inveja e o próprio ódio em outros. Se esta pessoa que se sentiu inferiorizada pela sua felicidade não tiver ética, provavelmente vai pegar pequenos fragmentos da sua vida, descontextualizados, e transforma-los em histórias mirabolantes. E o pior... muitas gente vai acreditar e algumas pessoas vão guardar aquilo na cabeça pra sempre.

Mas não há como parar isso, certo? Errado. Podemos sim estancar o veneno. Perca sempre a oportunidade de falar alguma coisa sobre alguém se isso representar apenas a sua visão sobre essa outra pessoa, não espalhe boatos que você não tenha certeza, não julgue os outros pelo que alguém disse sobre elas e, principalmente, dê oportunidade pra a outra pessoa se expressar, conheça ela.

As pessoas são aquilo que nós despertamos nelas. Talvez você descubra nessa nuvem de boatos e situações mal resolvidas alguém incrivelmente legal que pode se tornar seu mais novo amigo. Aí você não vai nem entender porque as pessoas falavam tão mal do seu amigo.