quarta-feira, 10 de junho de 2009

Operação Buneca!

Ainda era madrugada. Todo mundo dormindo e eu estava na rua. Aquela coceira no koo não parava. “Será que o Jorjão me passou alguma DST? Filho da puta!”, pensei. Tinha motivos suficientes para estar acordada àquela hora. Haviam denúncias sérias sobre a conduta de travestis em GV. Estava superdiscreta: sainha curta vemelha ao estilo Vanessão, tomara que caia, uma rasterinha de camurça com o cano bem alto...

Trabalhava numa investigação de travestis acusadas de se passar por bofes e comer rachas nos darkroons de construções abandonadas do bairro JK II. Traição à classe. Já havia um inquérito instaurado pela Associação dos Clitóris Anais Valadarenses (ACAV).

E lá estava eu naquele friozinho da avenida Minas Gerais. Passou um carro bem devagar perto de mim. Apressei o passo. Podia ser alguém tentando me distrair da minha missão. O carro rodou o quarteirão e voltou. O vidro fumê abaixou. Lá de dentro, um bigodudo me perguntou: “Quanto você cobra no ´pograma`?”. Mas não havia tempo pra aquilo. E eu já ia abrindo a boca pra recusar, quando ele encostou a neka no volante.
Fazendo ´pouse` pra foto antes de entrar no carro. Gueguian!??

Olhei o relógio. “Ah.... Um ketchy e um copo d`água não se nega a ninguém, néam?”, pensei, e entrei no carro. Senti meu coração pulsar mais rápido. E neka na mão pulsando mais rápido ainda. A coceira no edy voltou a atacar. Tive que abrir a porta e sair pra coçar. “Volta aqui queerida. Você não vai me comer?”, perguntou o homem no carro. “QUEEE?! Gentem, eu estava chupando uma passiva. Travesquismo tem limites, néam?!

Sai desesperada. Na frente, duas pessoas conversavam numa esquina. Fiquei no orelhão figindo estar fazendo pegação e prestei bem atenção no diálogo das duas:

—Você acredita em simpatia?
—Claro, meu koo adora ser simpático e interagir. Mas são fintchy reais.
—Você está transformando-se num inferno. Veja seu estado de espírito.
—Ihh! A física do petrefiolismo não funciona com travas, queerida.
—Sabe-se lá. Vamos transmitir boas coisas.
—Transmito coisas ótimas debaixo do pé de avre...

E de repente... O orelhão tocou. Tive que atender pra não passar carão:

—Alown!
—Quer dar o koozinho hoje, quer?

Gentem, esse povo só pensa em foder.

E o edy voltou a coçar. Desliguei e fui coçar ele. Depois continuei minha caminhada.
Peguei um táxi e fui pro bairro JK II. Dentro do carro, o motorista olhava freneticamente para minhas pernas. “O que será que essa cona perdeu aqui, hein?”, pensei. Olhei pra baixo. Meo Deus! Onde eu perdi minha cacinha? Dava pra ver a fita crepe truncando a mala. Por isso que o filho da puta não parava de me olhar pelo retrovisor. Mas ele não tinha o direito!

“O senhor tem o costume de olhar assim pra xana da sua mãe também?!!”. O homem desviou o olhar. “Por favor, vire a esquerda”. A esta altura já podia ouvir gemidos escandalosos de prazer que emanavam de um terreno baldio próximo à Chácara Multirão.

Paramos o carro. À medida que íamos nos aproximando os gemidos iam ficando mais altos (Claron!!). Lanterna na mão. Botas na mão. Ky e camisinha também. Fui entrando na construção.


E pá!

Ahan! O velho truque do "matou, tem que comer".


Olhei direito porque não acreditava no que vi.

—Kiko Preto! Não acredito! É você que está por trás disso tudo?! Annn!! E esses peitos?! Quero explicações agora.

—Calma bunita! Naquela época não haviam tantas travas em GV. Nem as drags do Absinto. Meu apetite sexual é muito grande. Você não dava conta! Tive que virar bi. Na verdade poli. Comprei também duas cachorrinhas e uma cabra.

E a coceira no koo voltou a atacar.

—Ai que merda! Eu vou matar o Jorjão quando sair daqui.

Foi só eu falar...

—Jorjão! Até você?!
—Na verdade você não está com DST, fofa. É que você estava muito bêbada ontem e sugeriu passar pimenta no edy na hora que aquendamos. Minha neka também tá que não me agüento.

Desmaiei...

Fui acordar na cama do Hospital. Unimed, tá meu bem!

O MG TV tava passando. Uma travesti foi pega abusando sexualmente de dois garotinhos em Valadares. “Gentem, será que foi tudo um sonho?”, pensei.
Mas olhei pro lado. O meu colega de quarto estava com aquela camisola branca de hospital. A neka escandalosa formando um morrinho na calça. Enfim... Tive que ficar mais uns dias no Hospital com febre, dor de garganta e várias alergias...

Por fim, tirando a pimenta do edy, né?

Um comentário:

Sarajane disse...

Ei amores. Queria dizer que atoron vocês e o blog tá lindo! Gorfei de rir desse post aqui. Bjão!!!